No cenário brasileiro contemporâneo, as mulheres assumem um papel cada vez mais influente no cenário econômico e social do país. Sendo mais de 53% da população brasileira, as mulheres evidenciam também a sua representatividade no mercado consumidor.
No Brasil, quase 49% das famílias são chefiadas por mulheres, colocando-as no centro do poder de escolha e impulsionando o mercado. Consumidoras são essenciais para exigir melhores produtos e serviços, representando a linha de frente do consumo e tomando decisões não só para si, mas para outros também. Suas opiniões e desejos desempenham papel crucial em equilibrar a cadeia de consumo, merecendo atenção e consideração.
Estudo da Nielsen/OpinionBox revela que hábitos de consumo feminino on-line refletem responsabilidade com a casa. Segundo dados, 22% das mulheres entrevistadas destacam cuidar do lar como principal atividade diária, comparado a 2% dos homens. Tarefas domésticas ficam atrás apenas do trabalho (50%) para elas. Mulheres, ainda principais executoras das atividades domésticas, demonstram maior atenção à publicidade, pois são responsáveis pelos hábitos de consumo não só pessoais, mas familiares.
O engajamento das mulheres como consumidoras ativas também repercute na exigência por políticas públicas mais igualitárias, abordando questões como igualdade de gênero, acesso à saúde e segurança.
“A pandemia me fez refletir muito sobre as minhas relações de consumo. Em determinado momento, tudo me parecia supérfluo”, nos conta a jornalista Maura Bueno.
De acordo com um estudo recente realizado pela Universidade de Harvard, 75% das mulheres afirmam que consideram os posicionamentos políticos de uma empresa ao decidir por uma compra. Esta tendência reflete não apenas a busca por produtos e serviços alinhados aos seus valores, mas também a busca por marcas que atuem de forma consciente e engajada socialmente.
Para a vice-diretora financeira da Fundação 1º de Maio, Maria Izabel Simões, o consumo das mulheres no Brasil não se limita a transações comerciais, mas se estende a um importante agente de mudanças sociais e econômicas.
Quando as mulheres têm autonomia financeira, toda a sociedade se beneficia com um maior equilíbrio e diversidade de oportunidades. Pois o consumo feminino diversificado e exigente estimula as empresas a criarem produtos e serviços mais inclusivos e adaptados às necessidades das mulheres, promovendo a inovação e a diversificação do mercado.
Izabel Simões
Outro ponto que merece destaque, foi um estudo divulgado pelo Instituto de Estudos de Consumo que revelou que em média, as mulheres pagam até 7% a mais por produtos idênticos ou semelhantes aos produtos masculinos, como lâminas de barbear, perfumes e shampoos. Essa discrepância econômica não tem justificativa razoável além da imposição de um padrão injusto e segregatório que permeia as prateleiras das lojas.
A “taxa rosa” ou “pink tax” refere-se à prática de cobrar preços mais altos em produtos ou serviços destinados a mulheres, em comparação com produtos semelhantes voltados para homens. Essa disparidade de preços baseada no gênero é uma forma de discriminação econômica que impacta negativamente o poder de compra e a igualdade de oportunidades para as mulheres. Produtos de higiene pessoal, roupas e serviços de cuidados de saúde muitas vezes sofrem dessa prática, resultando em um ônus financeiro adicional para as consumidoras.
Ao reconhecer e valorizar o papel das mulheres como consumidoras conscientes e exigentes, convidamos você a repensar as disparidades, reforçando a importância de políticas públicas de proteção e do respeito aos direitos do público feminino, afinal, um mercado que considera e respeita as maiores consumidoras dá provas de representatividade, igualdade de oportunidade, maturidade e eficiência.