Como posicionamentos estratégicos podem fortalecer a liderança feminina na agricultura familiar e no agronegócio

A presença das mulheres no campo tem sido cada vez mais relevante para o desenvolvimento da agricultura familiar e do agronegócio no Brasil. Com paciência, habilidades e conhecimentos específicos, elas desempenham um papel fundamental na produção de alimentos, na gestão de propriedades rurais e na implementação de políticas públicas voltadas para o setor agrícola.

Apesar de produzirem aproximadamente metade dos alimentos mundial e representarem 43% da força de trabalho agrícola global, as mulheres continuam sub-representadas nos espaços de tomada de decisão na cadeia produtiva do agronegócio. Não diferente do mundo, no Brasil, as mulheres sempre foram presença ativa no setor agrícola, mas sua contribuição foi invisibilizada e subvalorizada.

Nos últimos anos, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço e reconhecimento em todas as etapas da produção agrícola, desde o plantio e colheita até a comercialização dos produtos. Elas desempenham múltiplos papéis no campo, envolvidas em atividades de conservação ambiental, diversificação da produção e promoção de práticas sustentáveis.

Um estudo publicado pela ONU (Organização das Nações Unidas), considerou que a experiência brasileira no fortalecimento da participação feminina na agricultura é exemplo para o mundo todo. O relatório reconhece como fundamental o papel desempenhado pelas mulheres no setor agrícola, tanto na agricultura familiar quanto no agronegócio e cita que o Brasil tem adotado posicionamentos estratégicos para promover a igualdade de gênero e empoderar as mulheres rurais.

“A cadeia alimentar brasileira depende do trabalho diário das mulheres rurais e apesar do peso do agronegócio no PIB (Produto Interno Bruto), a grande força da produção de alimentos que abastece o mercado interno e fornece segurança alimentar é a agricultura familiar”, ressalta Zélia de Souza Pereira Raguzzoni, secretária municipal do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Agricultura Familiar do Solidariedade de Mendes (RJ).

Ao tabular em colunas o que produziam, vendiam, distribuíam, trocavam ou consumiam, entre leite, ovos, galinhas, frutas e legumes, as mulheres do campo passaram a perceber como seu trabalho era fundamental para o sustento de suas famílias e para agricultura familiar.

Tanto que a ONU destacou o uso de papel, caneta, organização e coragem, como posicionamentos estratégicos importantes para as mulheres.

“O uso de cadernetas passou a ser tão importante que ao serem impulsionadas por grupos feministas de agropecuária os dados elencados passaram a ser fonte até mesmo para o Censo Governamental, chegando a ser ponte para a aquisição de benefícios e conquistas de políticas públicas direcionadas à agricultura familiar”, salienta Zélia Raguzzoni.

Outra conquista alcançada através do projeto das cadernetas, foi a DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf), uma declaração que permite obter financiamentos destinados à agricultura familiar e a participação ativa em um programa governamental que garante a aquisição de 30% dos alimentos provenientes das pequenas propriedades familiares para a merenda escolar.

Embora haja pouca visibilidade e valor dado ao trabalho das mulheres nas áreas rurais, elas são parte de uma revolução silenciosa, pois, embora sejam percebidos avanços, a ocupação de cargos de liderança e a conquista de direitos, sobretudo no meio rural, ainda tem sido aquém do que desejamos.

SOBRE O ATER MULHER

A Anater (Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural), autarquia vinculada ao MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), acaba de publicar o resultado do edital Mulheres Rurais, Autonomia, Alimentação e Vidas Saudáveis da Chamada de Ater Mulheres 2023, que selecionou propostas vencedoras em 20 estados para atender 10,5 mil mulheres, oferecendo assistência técnica e extensão rural públicas que promovam sua autonomia econômica.

Ao todo, o valor alcançado passa dos R$ 50 milhões e o montante será investido no projeto que tem como público-alvo as assentadas da reforma agrária, agriculturas familiares, extrativistas, pescadoras artesanais e aquicultoras, além de mulheres dos povos e das comunidades indígenas, comunidades quilombolas, de povos e comunidades tradicionais e de mulheres que desenvolvem atividades agrícolas em áreas urbanas e periurbanas.

“Mulheres rurais geram sustento, alimento, renda, emprego, sustentabilidade, empoderamento e uma nova consciência de vida através da produção de alimentos saudáveis”, finaliza Jefferson Coriteac, presidente da Anater e tesoureiro-geral nacional do Solidariedade.

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