Ainda que menos que o ideal, a bancada feminina no Congresso Nacional foi ampliada nas eleições de 2022. No total, foram eleitas 92 mulheres para a Câmara e quatro para o Senado, o que significa 18% e 7%, respectivamente. Assim, o Congresso terá mais mulheres na Câmara e menos no Senado.
O número de eleitas, abaixo do esperado, expõe o quanto ainda falta compreensão sobre a necessidade de equidade na política e mostra, mais uma vez, quão importante e necessária é nossa luta na busca de igualdade de gênero e pluralidade na política brasileira. De acordo com o ranking da UIP (União Interparlamentar), o Brasil ocupa o 146° lugar na participação das mulheres nos parlamentos entre os 193 países analisados.
De toda forma, houve aumento de mulheres nas casas legislativas, entretanto, as eleitas são, em sua maioria, defensoras do campo conservador e autoritário. O que demostra uma polarização da democracia brasileira com uma perigosa inclinação à extrema-direita.
Como efeito, essa nova composição, mais à direita, afeta também a relação com os outros poderes, Executivo e Judiciário, incluindo o presidente Lula, que, ao longo de sua trajetória política, sempre defendeu o diálogo e a ampliação de pautas de inclusão das mulheres e as minorias em seus programas de governo.
“Nossa chegada ao Congresso vem com a força dos nossos ideais progressistas e pela defesa irrestrita do direito das mulheres. Focaremos nosso mandato no fortalecimento de pautas que garantam mais políticas públicas para as mulheres. Cada mulher pernambucana e brasileira será representada pela semente da resistência que carrego comigo”, destacou Maria Arraes, deputada federal eleita pelo Solidariedade (PE).
Um paradoxo, já que muitas delas foram eleitas sob bandeiras e falas misóginas, homofóbicas, racistas, capacitistas e apoiadas no fundamentalismo cristão. O que torna ainda mais desafiadora a presença política das mulheres negras, do campo, indígenas, pessoas LGBTQIA+ ou oriundas de alguma minoria, uma vez que no âmbito da diversidade, a bancada feminina da Câmara dos Deputados terá, pela primeira vez na história, duas deputadas trans, uma eleita por São Paulo e a outra por Minas Gerais.
Sendo assim, como solução para o fim da desigualdade na política brasileira, é urgente que as mulheres tenham no voto, uma poderosa arma para diminuir a baixa representatividade feminina nos diversos espaços de poder, e que seja elaborada uma agenda pautada nos pilares da democracia para que possamos alcançar a paridade e pluralidade tão necessárias para a construção de políticas públicas importantes para as mulheres do Brasil.