De acordo com estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), o Brasil deve registrar 704 mil casos de câncer por ano, até 2025. Os dados constam no estudo “Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil”, e apontam um considerável aumento em relação às estimativas do triênio anterior (2020-2022), que indicavam 625 mil casos novos a cada ano.
O consumo de água e alimentos contaminados por substâncias tóxicas pode estar acelerando o aumento desses casos. Os dados sobre o consumo de substâncias tóxicas por via alimentar são alarmantes, já que o uso de agrotóxicos no Brasil atinge 70% dos alimentos, equivalendo à ingestão de um galão de cinco litros de veneno por ano.
Após anos de prática hospitalar, Giselle Vaz, enfermeira oncológica e filiada ao Solidariedade (MG), relara que atualmente, o câncer é considerado um dos principais problemas de saúde pública no mundo e está entre as principais causas de morte por doença. A incidência e a mortalidade por câncer vêm aumentando, em parte pelo crescimento e envelhecimento populacional, mas também pela mudança na distribuição e na prevalência dos fatores de risco de câncer, especialmente aqueles associados ao desenvolvimento socioeconômico.
Nos últimos anos, o Brasil registrou de modo assombroso, e em ritmo cada vez mais crescente, a liberação de agrotóxicos. Essa exposição aos pesticidas mostra que os casos de câncer têm sido diagnosticados com piores prognósticos e mais agressividade.
Os danos à saúde são tantos que um estudo da Universidade Federal do Mato Grosso em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, detectou que até mesmo o leite materno pode conter resíduos de agrotóxicos.
“Diferentemente do que se pensa, cerca de 80% (ou mais), dos casos de câncer podem ser prevenidos, e muitos deles, podem não existir se houver uma boa alimentação e nutrição adequada, ou seja, com base em sua alimentação, você pode ou não desenvolver algum tipo de câncer, por isso a importância de se alimentar de modo saudável”, explica Letícia do Samu, vereadora de Sarapuí/ SP.
Entre janeiro e julho de 2019, foram lançados 290 produtos com alto teor de agrotóxicos. 41% deles de extrema ou alta toxicidade, muitos, banidos na União Europeia e nos Estados Unidos.
Embora menos acessível, já que seu valor é, em média, 30% mais caro, os alimentos orgânicos, que não levam nenhum tipo de agrotóxico em seu cultivo, podem ser uma boa alternativa para melhorar a alimentação e se proteger da contaminação. A vereadora Letícia do Samu, acredita ser essa a solução para uma vida mais saudável. “Dispensar o uso de agrotóxicos, de substâncias nocivas, de alimentos embutidos, controlar o peso corporal, passar regularmente em consultas médicas e realizar exames físicos e laboratoriais, atualmente, são os melhores fatores para prevenir o câncer, independentemente de sua origem”, pontua.
A exposição aos agrotóxicos pode ainda causar efeitos crônicos, dificuldade para dormir, irritações na pele, esquecimento, aborto, impotência, depressão, problemas respiratórios graves, malformação da criança, entre outros.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), por ano, 20 mil pessoas são levadas a óbito devido ao consumo de agrotóxicos e exposições repetidas a pequenas quantidades de agrotóxicos por um período prolongado de tempo.
A prevenção ao câncer é tão importante como fazer exames regulares, manter hábitos saudáveis, ter sono regular, boa alimentação e praticar atividades físicas. Que tal produzir uma hortinha em casa? Faça sua parte. Alimente-se bem e previna-se!