Cidades administradas por mulheres apresentam melhores indicadores de proteção à vida, cultura, cidadania e história

Cidades brasileiras geridas por mulheres registraram melhores resultados na condução da pandemia, mais do que em outros municípios administrados por homens. Essa afirmativa veio através de um estudo realizado, em 2021, em parceria com Universidade de São Paulo e da Universidade de Barcelona, que usou os mais de 5.000 municípios do Brasil como uma espécie de laboratório para a coleta dos dados.

Os dados coletados foram claros ao mostrar que o fato de ter uma mulher à frente do Executivo relaciona-se diretamente a uma maior adoção de medidas sanitárias protetivas, menos hospitalizações e mortes por Covid-19, significando 44% menos mortes ligadas ao coronavírus.
Embora a questão do gênero seja uma variável relevante, atualmente menos de 13% das prefeituras do Brasil são comandadas por mulheres. Elas são poucas e governam os municípios menores e mais pobres.


Uma pesquisa intitulada “Liderança Feminina na Gestão Pública”, da UERN (Universidade Do Estado do Rio Grande do Norte), apresentada em outubro de 2021, levantou dados mostrando que as mulheres possuem características como autenticidade, colaboração, otimismo, emoção, intuição, iniciativa, sensibilidade, flexibilidade e capacidade de persuasão, destacando-se na liderança feminina, porém percebeu-se que tanto homens como mulheres são portadores desse estilo de gestão.

O mesmo estudo cerificou, ainda, que “não há uma diferença significativa entre os estilos de gestões, mas há uma disposição maior das mulheres em compartilhar poder e informação, além do estímulo à participação e valorização do trabalho em grupo”.
Na política, um estudo conduzido pela economista brasileira Fernanda Brollo apontou que as mulheres tendem a se envolver em menos casos de corrupção do que os homens. Durante a pesquisa, ela cruzou os resultados de eleições de 400 municípios em 2000 e 2004 com as auditorias federais realizadas nos mesmos municípios. Dessa forma, descobriu que cidades administradas por mulheres apresentavam entre 29% e 35% menos chances de se envolverem em condutas corruptas do que as de seus pares homens.

Planos Diretores das cidades e políticas urbanas atuais, são e foram idealizados, principalmente, por homens,

Quando o assunto é o ordenamento urbano, é importante lembrar que os Planos Diretores das cidades e políticas urbanas atuais, são e foram idealizados, principalmente, por homens, embora as mulheres estejam cada vez mais presentes nestes espaços. Num espaço onde as estruturas são construídas conforme uma lógica econômica, que valorizam as atividades de produção, trabalho e consumo.


Para exemplificar essa hegemonia masculina na construção das cidades e da estruturação da cultura e memória coletiva, uma pesquisa realizada em São Paulo, em 2019, denominada por Dicionário de ruas, aponta que apenas 16% das ruas da cidade possuem o nome de uma mulher. Um reflexo prático do desequilíbrio entre homens e mulheres na sociedade e um ato comum da invisibilidade feminina, seja nas vias, praças, parques, estações de metrô ou ônibus, edifícios públicos e outros.


Para à cidadania e a segurança, dados do DataFolha e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram o Brasil como o 5º país que mais mata mulheres no mundo.


Informações do Instituto AzMIna, publicadas no site da Enap (Escola Nacional de Administração Pública) em novembro de 2021, despontam para a necessidade se ter mais representantes políticas para que haja mais sensibilidade na construção de redes de apoio com outras mulheres, projetos e políticas públicas de prevenção à violência e autonomia financeira para criar caminhos para quebrar ciclos de violência. Sendo esses indispensáveis na construção de cidades e de uma sociedade mais segura, justa e inclusiva.


Ainda que os indicadores analisados em todas as pesquisas consultadas sejam positivos à atuação das mulheres na política, infelizmente, na prática, isso não garante a elas vantagem competitiva nas disputas política. “Durante os períodos analisados, as prefeitas receberam entre 30% e 55% menos aportes de recursos eleitorais para suas campanhas. A probabilidade de serem reeleitas ficou cerca de 20% abaixo da dos candidatos do sexo masculino”, é que o afirma a pesquisa feita pela economista Fernanda Brollo.

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