Jovens e Política: por que a geração Z está se distanciando das urnas?

Nos últimos anos, o cenário político brasileiro tem testemunhado uma queda alarmante na participação dos jovens nas eleições. Dados da Justiça Eleitoral revelam que, nas eleições presidenciais de 2018, apenas dois em cada dez jovens de 16 e 17 anos participaram do pleito. Para contextualizar, em 2016, na disputa municipal, esse número foi de três em cada dez. Mas o que está por trás deste desinteresse?

Para muitos especialistas, a crise de confiança nas instituições políticas é um dos principais fatores que afastam os jovens. “A política muitas vezes parece distante e desconectada da realidade dos jovens. Eles sentem que suas vozes não são ouvidas, e isso gera um ciclo de desinteresse”, afirma Cleide dos Reis, socióloga formada pela FESP .

Uma pesquisa realizada em 2020 pelo Datafolha apontou que 72% dos jovens acreditam que os políticos não representam seus interesses. Além disso, 58% afirmam que não se sentem motivados a votar, pois não veem mudanças reais que impactem suas vidas. Esses números revelam um cenário preocupante: a apatia política é um reflexo do descontentamento com promessas não cumpridas e escândalos de corrupção.

Outra vertente a ser considerada é a influência das plataformas digitais. Com o aumento do consumo de conteúdo em redes sociais, muitos jovens se sentem sobrecarregados por informações, o que pode desviar seu foco da política.

“As campanhas eleitorais muitas vezes não conseguem captar a atenção dos jovens, que preferem conteúdos mais dinâmicos e engajadores”, explica Maura Bueno, coordenadora de Comunicação nacional do Solidariedade e Solidariedade Mulher.

As redes sociais têm sido um fator que aproxima os jovens das questões políticas, mas que também afasta. De acordo com dados disponíveis no painel interativo do DataSenado pelo menos 72% dos brasileiros já viram, leram ou ouviram notícias políticas que desconfiam serem falsas. A pesquisa mostrou que é mais comum receber notícias falsas entre os que acessam as redes sociais.

Outro dado que também chama a atenção é que 62% dos eleitores brasileiros disseram ter vergonha do Brasil e 38% gostariam de morar em outro país.

Para Mari Cardoso, candidata a vereadora pelo Solidariedade em Garanhuns (PE): “Olhar a representatividade política de jovens mulheres, como eu, de fora da política é frustrante.  Por não me sentir representada, por achar que minha voz precisa ser ouvida decidi ser parte ativa da política e me candidatar, pois quero que outras jovens sintam que seu voto faz diferença.”

“Trazer a política em novos formatos, promover debates com pautas interessantes e atuais, e transformar as interações nas redes sociais em uma ponte entre os jovens e a política é um grande desafio”, explica Maura.

A pergunta persiste: por que os jovens estão perdendo o interesse na política? À medida que a campanha eleitoral se desenrola, cabe a todos nós – políticos, cidadãos e sociedade civil – trabalhar juntos para reencontrar esse elo perdido e acender a paixão pela política nas novas gerações.

Aqui, no Solidariedade Mulher, ecoamos vozes de jovens lideranças políticas que sonham em mudar a realidade de suas cidades. Através do Lidera+, descobrimos, qualificamos e lapidamos vozes femininas que nas eleições deste ano farão história.

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