Em um mundo onde a preocupação com a justiça social e a igualdade de direitos está constantemente em pauta, a questão do racismo ambiental emerge como um desafio crucial a ser enfrentado de forma urgente e eficaz.
Mas afinal, o que é o racismo ambiental? Trata-se da prática de alocar de forma desigual os impactos ambientais negativos em comunidades minoritárias, muitas vezes marginalizadas e sem poder de influência nas decisões que afetam diretamente suas vidas. É a perpetuação da discriminação racial através da degradação do meio ambiente.
Segundo dados alarmantes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), comunidades negras e de baixa renda são significativamente mais afetadas por problemas ambientais, tais como falta de acesso a saneamento básico, áreas de risco e poluição. Essa disparidade revela não apenas uma questão de desigualdade social, mas também um sério problema de justiça ambiental.
Entrevistada sobre o tema, Flávia Alves, advogada especialista em Direito Ambiental e Constitucional, mestre em Desenvolvimento Regional, doutoranda em Desenvolvimento em Meio Ambiente e presidente do Solidariedade (MA), ressalta:
“Sim, o calor pode matar e seus efeitos são distribuídos de maneira socialmente desigual. O conceito de racismo ambiental destaca as disparidades no impacto das mudanças climáticas entre diferentes comunidades. À medida que as desigualdades socioeconômicas aumentam, os grupos periféricos e de baixa renda, predominantemente negros, têm menos recursos para se proteger, sendo as principais vítimas das injustiças ambientais.”
Flávia Alves
Dados do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde mostram que 277 doenças podem ser agravadas pelos riscos climáticos, incentivados pelas emissões contínuas de gases de efeito estufa. O aumento das temperaturas no Brasil está causando impactos sérios na saúde pública e no meio ambiente. A escassez de água, contaminação química e má gestão do lixo são problemas graves que podem ser agravados com o aumento das temperaturas. As ondas de calor mais frequentes são alarmantes e podemos ver isso claramente também com as temperaturas extremas ou catástrofes climáticas em algumas cidades brasileiras.
É preciso agir agora, antes que seja tarde demais. É fundamental que a sociedade como um todo, juntamente com as instituições governamentais e a sociedade civil, se unam em prol de um futuro mais justo e inclusivo, onde a igualdade racial e a proteção do meio ambiente andem lado a lado. Juntos, podemos superar o racismo ambiental e construir um mundo mais equitativo para as gerações presentes e futuras.
Para combater esse problema complexo e estrutural, é essencial a implementação de políticas públicas eficazes que promovam a equidade ambiental e a inclusão social. Investimentos em infraestrutura urbana, educação ambiental, acesso a serviços básicos de qualidade e participação das comunidades afetadas nas decisões políticas são passos fundamentais nesse caminho.