No mundo, estima-se que 70 milhões de pessoas tenham TEA (Transtorno do Espectro Autista), sendo 2 milhões delas no Brasil. Um número alarmante, incerto, que se torna ainda mais preocupante devido a subnotificação. Para oficializar os números, em 2019, foi sancionada, uma lei que determinou ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), incluir em seu questionário perguntas sobre o autismo no censo populacional, numa clara tentativa de entender quantas pessoas no Brasil apresentam o transtorno e como os diagnósticos estão distribuídos pelas regiões brasileiras.
O autismo é uma forma diferente de processar informações e interagir com o mundo, um transtorno do desenvolvimento que afeta a comunicação, socialização e comportamento da pessoa. A condição é geralmente diagnosticada na infância, mas pode ser identificada em adultos também. Por definição da ciência, não é uma doença, tampouco algo que precisa ser curado.
Por apresentar dificuldades em expressar emoções, entender comportamentos sociais, se comunicar efetivamente e lidar com mudanças inesperadas, pessoas com autismo são vítimas fáceis de estereótipos, preconceitos e discriminações. Felizmente, nos últimos anos, há uma crescente conscientização sobre o autismo e outras neurodiversidades. Muitos são os avanços, grande parte dessa nova conscientização acontece através de familiares, do desenvolvimento contínuo das relações sociais e do avanço da necessidade da inclusão, mas falta a atenção do Estado.
Enquanto a sociedade evolui, o Estado ainda falha na elaboração de políticas públicas e na não efetivação das leis já aprovadas, escancarando a falta de iniciativas governamentais voltadas para autistas e intensificando mais ainda a sensação de abandono.
“Nossa rede pública de saúde já não comporta e nem oferece suporte necessário às pessoas neurodiversas”
Loreny Caetano, secretária nacional da Igualdade Social e Diversidade do Solidariedade
Para Loreny Caetano, agora secretária nacional da Igualdade Social e Diversidade do Solidariedade, uma iniciativa importante por parte do governo seria a ampliação do número de CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) em todo o Brasil. “Nossa rede pública de saúde já não comporta e nem oferece suporte necessário às pessoas neurodiversas”. Outro ponto importante levantado por Loreny foi a qualificação dos profissionais, tanto da saúde quanto da educação, para oferecer acolhimento, educação e atendimento de qualidade, não só para as pessoas com autismo, mas também pessoas com TDAH (Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade), síndrome de Tourette, dislexia, que são as neurodiversidades mais comuns, por exemplo: “Não podemos normalizar que essas pessoas e seus familiares convivam diariamente com o descumprimento de leis, com o preconceito e desconhecimento da sociedade e, principalmente, com as dificuldades de acesso aos direitos básicos. É preciso ajudá-las a prosperar em suas próprias maneiras, pois ao acolher todas as formas de diferenças, construímos uma sociedade mais justa, precisa e respeitosa”, pontua.
A aceitação da neurodiversidade é fundamental para garantir que todas as pessoas tenham igualdade de oportunidades na vida, isso inclui acesso à educação, emprego e serviços de saúde adequados.