Conhecemos a violência contra a mulher por muitas faces. O lado sombrio mais conhecido é do da violência doméstica, praticada em grande parte das vezes por companheiros, ex-companheiros, e em muitos casos pelos próprios pais e até mesmo seus filhos. Infelizmente não para por aí, esse contexto de violência adentra qualquer espaço onde as mulheres decidem empenhar esforços chegando ao ponto de violar direitos políticos das mulheres, acuando-as e colocando-as muitas vezes em perigo.
Para entender em que estágio estamos nesta estrada precisamos considerar que a baixa representatividade feminina nos cargos legislativos e executivos do país são provenientes de uma história secular de patriarcado, machismo, do rebaixamento intelectual, falta de rede de apoio, dentre outros problemas enfrentados por mulheres envolvidas na política.
Com os olhos voltados à ampliação da participação feminina na política, o Solidariedade desde sua criação, em 2014, tem empenhado esforços no enfrentamento da violência contra a mulher e na luta por uma maior representatividade feminina na política.
Para Aninha Carvalho, vereadora por 4 mandatos e filiada pelo Solidariedade na cidade de Trindade, Goiás é uma afronta a democracia brasileira todas às vezes que as mulheres têm suas opiniões excluídas no meio político. “Sempre fui combativa aos direitos da mulher, principalmente na política. Por muitas vezes tive que me posicionar para conquistar o meu espaço. Coloquei no meu coração que o meu trabalho é importante para a minha cidade”.
Deborah Rubiana, funcionária pública, participante do Lidera+, conta que no pleito de 2020 foi a única candidata mulher à prefeitura de sua cidade, Ribeirão das Neves, município em Minas Gerais. “Foram meses convivendo com o menosprezo, o deboche e as críticas sobre que questionavam sua competência e depreciavam sua aparência.”
Até que os ataques aumentaram o tom. “Perfis fakes foram criados para dizer que eu era amante de pessoas conhecidas na cidade ou dos parlamentares que eu tinha convivência profissional”, relata.
Deborah explica que a maioria das ameaças veio de perfis fakes pelas redes sociais, mas que o jogo sujo não parou por ai. “Foi tudo muito pesado, também recebi ameaças de pessoas conhecidas. Inclusive de pessoas que fizeram parte de um passado doloroso, que foram resgatados para me fazerem pressão psicológica. Houve a necessidade de acionar a Polícia e conseguir medida protetiva por temer por sua integridade física. Em uma ocasião fui convidada para uma reunião para discutir possíveis alianças. Uma determinada pessoa me chamou para um outro andar do local, com o argumento de conversar um assunto sigiloso e, depois de debochar do fato de ser candidata alegando que política não era lugar para mim, tentou me beijar a força e abrir a minha blusa. Foi a parte mais humilhante da campanha”, finalizou.
REDES SOCIAIS
É nas redes sociais onde a violência política direcionada às mulheres tem avançado. As intimidações vividas por vereadoras, prefeitas, deputadas, governadoras e senadoras são muitas e não cessam. Elas vão desde interrupções nas falas a ameaças, assédio moral, intelectual e chantagens. Muitas relatam episódios de violência sexual, com acesso não permitido ao corpo, outras são submetidas a questionamentos sobre aparência física, a forma de vestir e até mesmo comentários pejorativos sobre a vida privada.
CANAIS DE DENÚNCIAS
Para denunciar casos de violência, as vítimas contam com a Central de Atendimento à Mulher através do Disque 180.
Um outro canal importante para denúncias é o número de WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, o WhatsApp: (61) 99656-5008.
Há, também, a possibilidade de registrar as denúncias por meio do aplicativo Direitos Humanos BR e pelo site da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.