Foi em 1919 que o movimento pelo direito ao voto das mulheres teve início no Brasil, mas o Código Eleitoral somente em 1932 passou a assegurar às mulheres brasileiras o direito ao voto. Embora o direito ao voto feminino ter acontecido primeiro no Brasil, antes da maioria dos países latino-americanos, ele fora permitido com algumas restrições: apenas mulheres casadas e com autorização do marido, solteiras com renda própria ou viúvas podiam votar, tornando-se previsto na Constituição Federal somente em 1934.
Patriarcal e agrário, o país do início do século via as mulheres como cidadãs de segunda classe, foi então que Bertha Lutz, um dos grandes nomes na luta feminista brasileira, retornou ao Brasil após anos de estudos na Europa e na sua bagagem de conhecimento trouxera ideais de que era possível organizar grupos de mulheres para exigir espaço e voz na política institucional.
O levante liderado por Bertha, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, uma associação que lutava fortemente pela conquista de mais direitos para as mulheres na política e na sociedade, já ecoava em todo Brasil. Foi então que numa manhã de maio de 1928, a bióloga brasileira Bertha Lutz decidiu sobrevoar a cidade do Rio de Janeiro e lançou do alto informes que continham os dizeres: “As mulheres já podem votar em trinta países e em um estado brasileiro. Por que não de votar em todo o Brasil?”, provocavam.
Assim, a luta das mulheres pelo direito de votar encontrou o pioneirismo e a resistência da professora Celina Guimarães Viana, residente no município de Mossoró, no Rio Grande do Norte e primeira mulher a se alistar para votar tanto no Brasil como na América Latina. Em 25 de novembro de 1927, aos 29 anos de idade, Celina fez um requerimento para obter registro como eleitora da cidade de Mossoró (RN). Após esse ato, várias mulheres potiguares requereram seu alistamento eleitoral e, por ocasião das eleições para o Senado, em 1928, 15 mulheres votaram no Rio Grande do Norte.
Vanguardista nesse sentido foi o Rio Grande do Norte, também foi palco de outra importante conquista para as mulheres. Em 1928, foi eleita a na cidade de Lajes primeira prefeita do país, Alzira Soriano. O resultado da eleição foi surpreendente para a época: Alzira venceu com 60% dos votos. Após esses fatos, a chamada “Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil” de 1934 admitiu o direito constitucional de voto das mulheres.
O certo é que a conquista do voto feminino ajudou a desenhar mudanças, leis e avanços na sociedade, na política, na legislação na cultura, na mentalidade coletiva à medida que os direitos e oportunidades avançam. Se hoje as mulheres podem participar ativamente da política, tendo inclusive elegido uma mulher para a presidência da República, muito se deve a internet e as redes sociais, inclusive repensando a forma de se comunicar, já que o termo presidenta não era até então comum, chegando muitas vezes a ter seu uso semântico e político questionado.
Ao longo da história, as mulheres mudaram suas formas de organização e sua participação na democracia acumula conquistas e transformações. Hoje, elas representam quase 53% de todo o eleitorado brasileiro, mas, ainda assim, são a minoria nos cargos eletivos. Diante desse cenário, o desafio é abraçado por toda sociedade e com bastante esmero pelo partido Solidariedade, que através da Fundação 1º de Maio, realiza o Lidera+, um projeto idealizado de forma a preparar e empoderar mulheres sobre seu ativismo, consciência crítica e coletiva, despertando todo seu potencial social e político e orientar na construção de candidaturas competitivas, planejadas, viáveis e fortes.