Nos últimos anos, o debate sobre o uso de celulares em ambientes escolares se intensificou. Iniciativas para restringir o uso de tecnologias no espaço escolar ganharam destaque em diversos países, trazendo à tona uma discussão global: até que ponto a tecnologia é uma aliada ou pode ser uma barreira ao aprendizado e à interação social?
Fatores como a qualidade do sono dos jovens, o comportamento em sala de aula e durante os intervalos, a falta de atenção e até mesmo o tempo que passam em seus smartphones em casa tornam essa discussão ainda mais complexa, especialmente em um mundo cada vez mais digital. Um relatório da Organização das Nações Unidas, publicado em 2023, já ressaltava preocupações sobre o uso excessivo de smartphones nas escolas. De acordo com a UNESCO, o uso excessivo de telas impacta diretamente o aprendizado.
No Brasil, um projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro de 2024 estabelece a proibição do uso de aparelhos eletrônicos nas escolas públicas e privadas, com o objetivo de proteger a saúde mental, física e emocional dos jovens estudantes.
Para a professora Mariany Cardoso, um dos maiores desafios em sala de aula tem sido manter o foco dos alunos durante todo o período das aulas. “Lidar com a distração digital dos adolescentes não é tarefa fácil, mas a discussão é urgente. A cada dia, precisamos criar estratégias para que eles prestem atenção ao conteúdo e se desconectem das telas.”
Os celulares nas escolas refletem uma sociedade em transformação. O que deve prevalecer é um debate fundamentado e comprometido com a criação de políticas públicas que garantam um equilíbrio saudável. “Na escola do meu filho, percebo que uma das grandes preocupações é com a dependência de tecnologias, a diminuição da capacidade de concentração e a queda da interatividade entre os alunos. Proibir sem educar pode ser um remédio amargo, mas, ao mesmo tempo, a educação sem restrições pode levar a um futuro onde as ligações humanas não se sustentam.

Precisamos criar um ambiente onde os alunos interajam entre si, e não com uma tela, sob o risco de estarmos formando gerações de crianças que podem ser tecnicamente competentes, mas que são socialmente inábeis”, analisa Carolina Gavino, gerente de comunicação da Fundação 1º de Maio e mãe de um adolescente de 18 anos.
A série mais assistida no mundo atualmente, “Adolescente”, disponível em streaming, aborda a toxicidade do ambiente digital, os códigos ofensivos utilizados por comunidades como plataforma para bullying e cyberbullying. O enredo se desenvolve em uma escola, explorando as relações entre os alunos e girando em torno de um crime.
O futuro da educação pede um reencontro entre o digital e o analógico, para que possamos formar cidadãos críticos, empáticos e, acima de tudo, humanos. E você, o que pensa sobre essa questão? A proibição dos celulares nas escolas é realmente a solução para os desafios contemporâneos?