O mês de agosto, tradicionalmente dedicado à conscientização sobre a violência contra a mulher, ganha um novo viés em 2024. É o Agosto Lilás, uma campanha que convida não apenas para refletir sobre a luta das mulheres, mas também para abordar a violência política, um tema que, embora frequente, é muitas vezes silenciado e negligenciado.
Dados do Atlas da Violência, de 2023, revelam que 75% das mulheres que atuam na política já enfrentam algum tipo de violência. Números que mostram o que vemos no dia a dia: muitas mulheres são alvo de agressões físicas, psicológicas e verbais, simplesmente por exercerem seu direito de participar da esfera pública.
Em 2022, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) registrou o maior número de denúncias de violência política em eleições, com um aumento de 30% em comparação com o pleito anterior. Essas agressões não são apenas ataques pessoais, elas impactam toda a sociedade, silenciando vozes e inibindo a participação cidadã.
Se tem uma experiência que a presidente regional do Solidariedade na região Nordeste. Marília Arraes, não esquece são os ataques sofridos quando foi candidata ao governo de Pernambuco.
“Ser mulher, mãe, estar grávida e ser candidata em um cenário tão hostil não foi apenas um desafio, foi um ato de coragem. Os ataques, verbais e virtuais, que recebi não foram apenas direcionados a mim, eles refletem uma cultura de desrespeito e machismo que precisamos urgentemente combater. Nada me fará desistir. Estou aqui para mostrar que as vozes das mulheres têm poder e precisam ser ouvidas”, destaca Marília.
A violência política contra mulheres não é um fenômeno recente. Exemplos como o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018, expuseram as profundezas da violência política relacionada à raça e gênero no Brasil.
“Quando uma mulher é assassinada por ser política, estamos falando de um crime que não afeta apenas a família, mas toda a sociedade. É uma tentativa de silenciar vozes críticas e diversas”, afirma a pré-candidata a vereadora na cidade de Poços de Caldas, em MG, Ciça Opipari.
O reconhecimento da importância de campanhas como o Agosto Lilás, faz com que todos nós, cidadãos e líderes, reflitamos sobre como podemos agir para combater a violência política. Como partido, temos responsabilidade, entre elas:
Educação e conscientização: investir em campanhas educativas que promovam a igualdade de gênero e desmistifiquem a participação política das mulheres.
Criação de redes de apoio: precisamos trabalhar para fortalecer redes de apoio para mulheres que desejam entrar na política, oferecendo mentorias e recursos.
Produzir e cobrar legislações mais rigorosas: apoiando a criação de leis que combatam de forma eficaz a violência política, com penas severas para os agressores.
“Toda vez que uma mulher é silenciada, a democracia se enfraquece. Todas nós, mulheres, do Norte ao Sul do país, em algum grau, enfrentamos a violência política de gênero todos os dias. Então, por entender que a política deve ser um espaço de acolhimento e diversidade, e não de hostilidade, minha intenção como pré-candidata à prefeitura de Taubaté é transformar essa realidade, mostrando que a força feminina é essencial para a construção de uma sociedade melhor”, afirma Loreny, candidata à prefeitura de Taubaté, em SP.
Outro fator decisivo é a mobilização da sociedade civil. Ela é essencial para pressionar por mudanças. Por isso é tão importante contar com o seu apoio nessa luta. Se unirmos forças para falar sobre a violência política, podemos falar de empoderamento, liberdade e oportunidade e garantir que o espaço político seja seguro para todos.