De acordo com informações divulgadas pelo FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), 80% das mulheres que sofreram uma agressão com faca ou arma de fogo dentro de casa também são mães. Além disso, tem um agravante: é muito provável que seus filhos tenham visto a agressão.
Esses dados sobre violência doméstica referem-se a 2020, ano marcado pela pandemia de Covid-19, e o perfil da agressão se repete:
- 60% das mulheres que sofreram qualquer tipo de violência têm filhos;
- 74% das vítimas de estrangulamento e tentativa de espancamento são mães;
- 65% das mulheres que são agredidas com tapa, soco, empurrão, chute também são mães;
- 65% das mulheres vítimas de violência psicológica, como ameaças, também têm filhos.
Esses dados revelam que a violência doméstica está também relacionada ao núcleo de muitas famílias e se referem ao ano no qual as escolas foram fechadas e as crianças permaneceram mais tempo em casa.
Por que muitas mulheres não denunciam a agressão?
Muitas mulheres não chegam a denunciar os companheiros agressores por falta de independência financeira. Ou seja, seguem suportando os casos de violência para garantir a subsistência dos próprios filhos. E a pandemia agravou este cenário.
Além disso, existem diversos casos nos quais as mulheres permanecem em casa para o cuidado dos filhos, dificultando sua reinserção no mercado de trabalho. Quando um agressor percebe esta relação de dependência, o grau da violência aumenta: das ofensas verbais até o feminicídio, que é cometido por maridos ou ex-companheiros em 82% dos casos.
O perfil das mulheres mais agredidas é: negra, baixa escolaridade, residentes em periferia e em situação de vulnerabilidade.
Números da violência doméstica em 2020
A cada 7 horas, uma mulher foi morta no Brasil. Foram 1.350 casos registrados no FBSP. Quando se trata das agressões físicas, o número é ainda mais alarmante: um boletim de ocorrência é registrado a cada 2 minutos e meio.
Se comparado a 2019, no ano passado, os assassinatos aumentaram 0,7% e as agressões reduziram 7,4%, o que não significa menos casos, mas uma possível subnotificação, segundo o FBSP.
Para o FBSP, o número de registro de denúncias pode estar relacionado ao período de isolamento social no início da pandemia de Covid-19 e, posteriormente, um reflexo das dificuldades criadas com a crise sanitária.
Por outro lado, o número de mulheres que solicitaram a medida protetiva garantida pela Lei Maria da Penha cresceu 4%. Também aumentaram as ligações para emergências na Polícia Militar em 16%. Lembrando que neste caso, não é necessariamente a vítima quem faz a ligação.
Como procurar ajuda
Para vítimas de violência doméstica: ligue 180, a Central de Atendimento à Mulher que funciona 24 horas, em todo país e no exterior e a ligação é gratuita. Se preferir, entre em contato por whatsapp (61) 99656 5008. O serviço oferece orientação, recebe denúncias e faz encaminhamentos.
A denúncia também pode ser feita na Polícia Militar, no CRAS – Centro de Referência em Assistência Social da sua cidade, pelo aplicativo Direitos Humanos no Brasil ou pela página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.